quinta-feira, 24 de dezembro de 2015


Você foi a janela para qual a minha alma se abriu. 
Chovia torrencialmente lá fora, as cortinas balançavam com o vento e eu me recusei a fechar. Havia água para todos os lados, meus pés estavam encharcados, enquanto meu coração cantava o fim da seca.
Pois o amor, querido, é inundação.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015


"The saddest end to a relationship is one where you have to break up with somebody when you’re still in love with them. It sounds bizarre but it happens, because the truth is, as powerful and as thrilling and as wonderful as it may be, love isn’t always enough and to be in love doesn’t always mean you’re happy. You can continue to love someone even after they’ve hurt you, but you know deep inside yourself that it won’t ever be the same again, so at some point, you have to let them go. When is the right time? You never know. That’s the sad part, too. You just have to walk to the edge of it all and jump, learning to grow back the wings you once had on the way down." - the-taintedtruth

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Dias se transformam em noites enquanto meu tempo permanece suspenso. A roda da fortuna quebrou e apenas o limbo me resta. Este que transformo em inferno para queimar. Flerto com meus demônios e eles me repetem ao pé do ouvido: Todo carnaval tem seu fim e de você nem as cinzas vão sobrar.

domingo, 25 de outubro de 2015

It's no secret that the both of us are running out of time


                O tempo me escapa como areia por entre os dedos, levando nossos pequenos pedaços. Sinto em cada grão suas risadas e meus chamegos, desconexos na imensidão dessa praia. As ondas vêm com a força de uma ressaca, lavando as lagrimas do meu rosto cansado de sorrir. Lembranças perdidas na imensidão do mar, afogadas pelas palavras nunca ditas. O canto da sereia surge enquanto o sol raia, e não há nada mais a se esperar.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

0.1

                E em um piscar de olhos, você estava lá. Teu cheiro, teu jeito, tua voz. Suas palavras preenchiam os meus dias, enquanto eu insistia em manter a porta fechada. Aqui você não entra, gritei comigo, postergando o inevitável.
Eu preocupava com as portas, passei a tranca em todas, e você pulou os muros. Um por um, fazendo da minha pista de obstáculos uma trilha a ser descoberta. Entrou nos quartos, nas salas, tirou o pano dos moveis, abriu as janelas. Olhei as rachaduras, percebi o quebrado, corri para esconder os cacos. Em vão.

Descascou todos. Um por um, meus pedaços caíam por trás dos sorrisos e você sempre a olhar. Prestou atenção em cada, até ver o todo. A luz entrava pela janela e não havia onde esconder. As portas estavam abertas e as chaves agora não mais me pertenciam. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

                Aquelas paredes já haviam visto de tudo, mas nada as prepararia para o que estava por vir.
                Motel barato, perdido entre a Lapa e a Glória. “Lugar justo” alguns dizem. Paredes recobertas de veludo, para guardarem seus segredos. Gravam tudo, riem e discutem. O bizarro já virou rotina. Entra um casal jovem, descolados e despretensiosos. Daqueles que confundem luxuria por amor e safadeza com carinho. Olha que engraçado, ela tá vestida de palhaço. Já é carnaval?
                Acendem um baseado, o riso rola solto. Mais um desses, tão ficando populares. Fica quieta senão não consigo ouvir. Xi, ficou seria a conversa. Meu deus, o que é que eles tão falando? É isso mesmo? Por que eles estão rindo? Isso não é engraçado. Cala a boca senão eu não consigo ouvir!
                As horas passava e eles continuavam lá, vestidos, conversando. A quantidade de peças no corpo aos poucos diminuía, mas não os assuntos. Eles decidiram se conhecer no motel, é? Gente estranha. Já te falei pra ficar quieta. Ah ta, quando é putaria você não cala a boca, e agora eu não posso falar?! Isso é diferente.  Ih a lá, agora vai.

                Tempos de silêncio e eles voltam, a risada continua. Conseguem ouvir os quartos alheios e mais gargalhadas preenchem o ambiente, junto a certeza de que em nenhum outro aquilo tudo estaria acontecendo. Ela sorri após cada beijo, ele olha e nada diz. Eles já vão né? Já. Será que lá fora a coisa continuam assim? Não sei. Será que eles voltam? Espero que sim. 

domingo, 16 de agosto de 2015

boys like you and girls like me


           Gosto de dias despretensiosos, como aquela quinta que começa com tudo dando errado e acaba sendo exatamente o que você precisava.
            Acordei atrasada, fiquei presa no trânsito, trabalho só problemas, o carinha que eu tanto gostei tomou chá de sumiço, meu fone de ouvido quebrou, enfim, o dia pedia uma cerveja no final para a vida ficar um pouco mais amena. Liguei para uma, duas, grupos de amigas; todas ocupadas. Deve ser inferno astral atrasado.
            Minha amiga de infância atendeu: “Claro que vamos! Vou falar com a Helô, ela sempre anima essas coisas!” Saí do trabalho, mais trânsito, fila interminável no mercado, come qualquer coisa para forrar o estomago, vamos! Mas e o meu banho? Ficou para depois. Era apenas uma cerveja de salvação do dia.
            Um bar fechado. O outro vazio. Esse tá muito caro. Vamos na rua onde tem todo mundo. Mas eu to uó! Passa uma maquiagem na cara que melhora, esse batom vermelho fica bom pra disfarçar essa sua blusa de menino. Tem um desodorante jogado aí no chão do carro.
            Finalmente sentada em uma mesa de bar, com uma cerveja gelada na mão, a vida começava a se tornar agradável. Cumprimentar conhecidos, rir do menino que mandou uma piscada para a minha amiga, beber sem a preocupação de impressionar, ninguém vai prestar atenção em mim hoje mesmo.
            Olha lá aquela menina que estudava com a gente! Ela não tá morando na Austrália? Ah, eu gosto tanto dela! Ela nunca falou comigo no colégio. Vamos juntar as mesas! Oi, eu sou o irmão da Clara, vou deixar as minhas coisas aqui, tudo bem? Sem problemas.
            As horas passaram, os copos enchiam e esvaziavam. Na mesa pessoas com quem nunca havia falado e uma calorosa discussão sobre política. Eu não voto nele. Então você concorda com o governo atual? Não estou dizendo isso, só que não voto nele nem no partido dele. Você é louca, e nem vem que eu sei que essa de trabalhar com pobre é pra se sentir melhor consigo mesma! Obvio que é. Se você não fosse tão comunista namorava contigo.
            Olhei no relógio, já deveria estar em casa. Enchi o copo, agora não faz mais diferença. Levantei, ascendi um cigarro e encostei no carro, já consigo sentir a dor de cabeça vindo. Oi, desculpa qualquer coisa, viu? São só opiniões diferentes, não precisava sair da mesa. Imagina, eu fui só no banheiro mesmo. Ah, ok. Tem um isqueiro? Claro. O que você faz além de ser comunista e salvar pobre? Pouca coisa, não sobra muito tempo. Esse seu batom é um problema, eu não sei se converso com você olhando para os seus olhos ou a sua boca. Você olha para onde quiser.
            Minutos (horas?), beijos, implicâncias e cigarros depois minhas amigas me encontram, já estávamos indo. O Rafa vai te deixar em casa, ok? Como assim? Ele vai te deixar em casa ué. Tudo bem. Vamos? Vamos, só tem uma má notícia. A gente vai de ônibus? Não, de taxi. Então ta ótimo. Para ali, no posto por favor! Por que? Eu preciso sacar dinheiro. Não precisa, eu tenho. Até parece que você vai pagar. Por que? Porque não. É ali no próximo retorno, moço. Por que você ta virando aqui? Porque eu moro ali naqueles prédios. Eu não disse que ia te deixar em casa? Disse. Então para com isso, a gente passa lá em casa e eu pego o carro. Conheço essa história.
            Descemos do taxi a uma quadra da minha casa, poderia voltar a pé se quisesse. Ele bêbado de cair, eu julgando as escolhas da noite. Vou pegar a chave do carro e vamos para um motel, ou você prefere ficar aqui? Eu tenho aula daqui a pouco. Hm, só não pode fazer muito barulho porque a minha mãe ta em casa. Não sou muito boa em não fazer barulho. Quero só ver.
            Fui ao banheiro, joguei uma agua no rosto. Estava cansada e era visível. Que porra de decisão foi essa? Deveria ter ido para casa, to fedendo. Pelo menos ele riu quando disse que estava menstruada e peluda. “Vou ficar que nem o coringa de bigode?” Que tipo de resposta é essa? Bem, agora já estou aqui, melhor entrar no clima.
            Chego no quarto, vazio, apenas a janela aberta mostrando a madrugada. Tirei a roupa, deixei em uma pilha no canto junto com a mochila. Sentei na cama e esperei. Você já está assim? Fico até sem graça. Deita. Quer que eu apague a luz? Não. Assim que eu gosto.
            Subi em cima dele e tirei sua blusa enquanto lambia o descoberto. Mordi a nuca, achei o cinto. Abaixei a calça enquanto colocava seu membro duro na minha boca, ele gemeu. Permaneci ali até ser puxada, não sairia a não ser que me tirasse. Cadê a camisinha? Não tenho. Como assim? Não tenho. Porra, você me traz aqui e não tem camisinha? Ato falho. Pra caralho, vamos comprar. Tá falando sério? Obvio, senão não vai rolar. Aff. Se veste, a gente vai rápido.
            Dentro do carro sua mão na minha coxa, procurando o meu sexo. Eu rindo com um cigarro na mão. Vou parar ali naquele posto, deve ter. Não tem. Como tem tanta certeza? Eu moro ali do lado, vivo lá, nunca vi uma camisinha. Quer apostar? Quero. Então ta, se tiver você vai até lá em casa me chupando enquanto eu dirijo, e vou dar duas voltas no quarteirão. Fica à vontade.
            Ele volta da loja com o maior sorriso que já vi, começo a rir. Sentou, chegou o banco para trás e inclinou, enquanto se gabava da conquista. Ligou o carro e eu abri a sua calça, havia um quê de vitória em perder aquela aposta. Levanta que vou ter que abrir a janela para entrar no prédio. Você não ia dar duas voltas no quarteirão? .... Sorri e voltei ao que estava fazendo, me chamou de safada.
            De volta ao quarto terminamos o que havíamos começado. E começamos de novo. E de novo. Até sermos parados pelos meus despertadores. Preciso ir para casa. Você vai na aula mesmo? Vou, não posso faltar. Queria tanto que hoje fosse sábado e você pudesse ficar aqui. Também queria, mas não posso. Me deixa lá? Só porque você mora perto. Então se fosse longe eu voltava a pé, seu escroto? É
            Descemos o elevador com um senhor de olhar repreensivo, eu descabelada e ele feliz sorrindo. Não acredito que você mora tão perto, muito bom isso. Por que? Porque sim ué, sempre que quiser repetir só falar, tão perto. Você já disse isso. É porque to feliz mesmo por você morar perto. Então valeu a pena comer uma comunista? Claro que valeu, agora até voto no PT.

domingo, 5 de abril de 2015

                Te encontrei em um dia quente, quase como aqueles de verão. Eu te encontrei ou você me achou? Não sei, talvez um pouco dos dois. Há semanas discutíamos tudo; sexo, amor, religião, você com suas historias longas e eu com minhas respostas complicadas. Havíamos deixado tanto e tão pouco para a imaginação.
                Desde que nos encontramos percebi a noite derreter, alongando e encurtando os minutos no seu decorrer, até terminar em dia. Não havia assunto com fim, ou problema a ser solucionado, os cigarros eram meus e a culpa era sua. Você louco e eu bêbada.
Desvendamos o corpo um do outro como se pintássemos um quadro, você sempre nos extremos e eu nas lacunas buscando o equilíbrio. Como tinta no papel nos tornamos um até não haver espaço, ou forças, para mais. E assim continuamos até acabar o que menos possuíamos: tempo.
Tempo este que após voltou a ser rígido. Os dias corriam um atrás do outro, enquanto os minutos insistiam em durar sessenta segundos. Havia pedaços de mim e pedaços de você, mas esparços, cada vez mais distantes.
E então, juntos, continuamos separados. Corpos se uniam, mas não se fundiam. As lacunas eram preenchidas por silêncio. Eu ali, você aqui, e ambos distantes. A sincronicidade dos que se perdem. Nos despedimos com a certeza do adeus, e eu com o mesmo sorriso por debaixo do beijo da primeira vez.

                Eu te disse tudo sem falar nada.