Eu me pergunto o que encontrarei no que em que me achar, quando a névoa se dissipar e eu finalmente consiga me ver no espelho. Não no sentido real da expressão, mas no que se olha exatamente para você, vê-se órgãos e sangue pulsando e todo aquele misto de cores que forma um “eu”. Me pergunto o que haverá lá.
Conheço meus espinhos como sei o endereço da minha casa ou o nome da minha mãe, sei que crescem cada dia mais, e que alguns criam o veneno a escorrer-me pelos olhos. Porém, não sei o que guardam, o que, com tanto trabalho e desordem, crescem a volta tampando. Já soube um dia, era visível, bonito de uma forma disforme; hoje penso também que apenas crescem deixando esse espaço vazio pelo habito, o que havia lá já secou.
A grande questão é como se faz isso; se achar. Ou melhor, como consigo me perder se não pertenço a mim? A maioria das pessoas precisa de ajuda para chegar onde deseja ou para sair de onde se está, eu preciso descobrir onde estou e se esse lugar real/imaginário me significa algo, o que eu cada vez tenho mais certeza que não. E o que isso quer dizer? Eu não sei.
Sentir-se morto não é a ausência de sentimentos, mas sim a apatia em senti-los. Mesmo sendo um paradoxo em conflitos até gramaticais, me faz todo sentido. E chorar toda noite não ajudará, ou te salvará, mas repete-se o habito noite após noite, só para ter certeza que ainda se está lá. É difícil distinguir a presença da falta quando se torna invisível para si. Continuo não fazendo sentido.
2 comentários:
"Sentir-se morto não é a ausência de sentimentos, mas sim a apatia em senti-los."
CLAP CLAP CLAP!
Acho que o jeito mais fácil de se encontrar é parando de procurar. Pode até acontecer de alguém encontrar por você...
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