sexta-feira, 12 de março de 2010

you walk this world like you're a ghost


Desabotoou a camisa devagar, queria saborear aquele momento. Na verdade, as mãos apenas tremiam impedindo a agilidade, o que era ridículo.
“Algum problema?” ele sorriu e perguntou, pegando as suas bochechas nas mãos.
“Não, nada.” Ela riu e olhou para o lado. O que fazia ali?
“Deixa que eu faço.”
E pegou a blusa das mãos dela, estava impaciente. A desejava há tanto tempo, imaginou e repetiu cenas na mente por semanas, meses talvez. Mesmo antes daquele beijo, aquele acidental e errado beijo. Ela olhava pela janela, não importava de estar seminua ali em frente a rua, parecia que queria que olhassem. Abraçou-a e beijou seu pescoço, as mãos deslizavam pela pele descoberta, mas continuou imóvel, apenas soltando um gemido.
“Está tudo bem?” ele perguntou, olhando o seu rosto apático.
“Está sim, pode continuar.” Ela respondeu, virando-se e sentando na mesa, abrindo as pernas vagarosamente. “ou desistiu?”
Ele apenas abriu um sorriso, sádico, cruel, e ela o respondeu. A possuiu ali mesmo, para todos os vizinhos escutarem, ao maior volume. Ocuparam moveis, assoalhos e horas, esquecendo de respirar, puxando o ar apenas quando necessário, o resto do tempo batiam e mordiam, em meio a juras de amor secretas, em sorrisos e olhares. Eram o amor e o ódio, um pelo outro, e pelo mundo.
As sombras alaranjadas dançavam no reflexo pelas paredes e espelhos, havia muitos ali, lembrava a um motel, talvez fosse, não sabia mais como havia parado ali, grudada àquele outro corpo, trocando cheiro e suor. Não sabia se chorava ou ria, apenas ouvia a outra voz ao longe, em um murmurinho chato, queria que se calasse, a desconcentrava.
“CALA A BOCA!” Gritou antes de perceber o erro que cometia, se encolhendo logo em seguida.
“Oi?”
“Nada.”
“Você está bem?”
“Eu estou ótima.”
“É nisso que você está pensando nas ultimas três horas? Porque aqui você não está.”
“Não, e claro que estou aqui, não está me vendo!? Desculpa, continua.”
“Não.” E andou para trás atordoado, recolhendo a roupa jogada. Como voltaria para casa?
“Ai... desculpa vai.” Ela falou empurrando-o na cama, beijando o seu rosto.
“Não. Deixa eu ver os seus olhos.”
“Oi? Pra que?! Não.” Falou saindo da posição que se encontrava e levantando da cama, andando de costas escondendo o rosto.
“Você está doidona, não está? Vem cá!”
“NÃO!!!!” E se apoiou no pequeno armário de gavetas antes que caísse, as pernas falhavam, e o a madeira solta do piso machucaria se caísse. Agora percebia estar em casa, de onde teriam vindo todos os espelhos?
“O que tem de errado com você? O que está acontecendo? Por que você não me conta? Cadê!? O que você usou!?” Ele berrava, descontrolado, estava preocupado, sabia que não deveria ter ido, não tão cedo, temia perder tudo ali. “ Vem cá.”
A puxou pelo braço até o banheiro, estava trancado então arrombou a porta.
“O que você fez?”
Estava tudo destruído, manchado, sujo, havia um canudo de metal ao jogado ao chão e frascos vazios, cada coisa em um canto do cômodo. Ela chorava, gritava, caída ao chão, sem saber para onde ir. Ele a colocou no box e a abraçou, ela chutava e gritava, não havia mais nada a ser feito.
“O que você fez com você?”
“VAI EMBORA!!!!” Gritou com a ultima força que havia em si, depois disso não conseguiria pronunciar outra palavra.
“NÃO! NÃO COM VOCE ASSIM, SUA ESTUPIDA! POR QUE É TÃO TEIMOSA?”
“POR QUE VOCE É, SEU ESCROTO?!”
“PORQUE EU TE AMO, E VOCE FICA ASSIM POR ELE!!!”
“ELE NÃO TEM NADA COM ISSO, QUEM ESTÁ QUEBRADA SOU EU! VAI EMBORA, por favor.” E chorou enterrando o rosto em seu peito, deixando-se ser abraçada. Pedia desculpas baixinho, beijava seus ombros, os movimentos voltando ao normal.
Abriu devagar a água gelada sobre os dois, ela tremia, só assim reparou os roxos pelos seus braços e pernas, as costelas amostra, e foi beijando cada parte, enquanto acariciava o seu cabelo.
“desculpa....” Repetiu mais uma vez, como se estivesse quebrada, encostada a parede do chuveiro com a maquiagem borrada a escorrer pelo rosto.
“eu sei. vou passar o resto da noite aqui com você, nada precisa acontecer, só vou ficar por aqui.”
“não precisa, pode ir.” Ela falou empurrando-o para perto e aninhando-o em seu peito, dando um pequeno sorriso, como se querendo mentir estar bem.
“mas eu quero ficar.”
“não, você não quer, mas sabe que é o certo. Obrigada.”
E o beijou pelo rosto todo, sabendo o que fazia agora, deixou que a possuísse de novo, mais devagar, ambos chorando com os rostos escondidos.
Acordaram ali com a luz a entrar pela janela do quarto, ainda na mesma posição, abraçados, como verdadeiros amantes.
“Bom dia.”
Falava mais que o necessário.

2 comentários:

R.L. disse...

Meu deus...

aluah disse...

Verídico ou não, não sei...mas, felizmente ou não, não sei, bem escrito.