Vestiu-se devagar, calçou a primeira bota e tateou o chão pela segunda. O quarto escuro com a janela aberta não lhe exprimia nada, nem mesmo o outro corpo sentado na cama a alguns metros. Respirou uma, duas vezes. Repassou as imagens na mente, procurava partes da roupa tropeçando no piso incerto. Olhou-se rápido no espelho na parede, havia tantos ali, um gosto azedo inundou-se na boca, o estomago revirou mais uma vez. Trocaram palavras sem significado, só pelo falar, talvez fosse melhor ficar em silêncio.
Os pés doídos seguiam seu próprio ritmo, com um rumo ainda incerto. A lua brilhava forte no céu, cheia, cúmplice observadora de tudo. Encheu os olhos de vergonha, afogou-as com a palma gelada da mão. Respondeu o perguntado por educação, não sabia o que estava sendo dito ali. Sorriu e entrelaçou os dedos, mais um de tantos atos falsos. A mentira separada em dois corpos opostos.
4 comentários:
O que fez vc escrever isso?
Parece peso na consciencia...
um beijo princesa
a insustentável leveza do ser
Dói. Tudo tem me doído últimamente.
Como diria Clarice: quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada.
Um beijo, flor.
Postar um comentário