Separou a tristeza como se fosse flor. A tratou como lírios; bonita, cheirosa, e capaz de crescer em cemitérios. Regou todos os dias com suas lágrimas, e colocava um pouco de açúcar no vaso para balancear com o gosto salgado. Depois de grandes, plantou em seu jardim. Deixou que crescessem, dominassem o terreno. Pouco sobrou das antigas tilupas e rosas, outrora formando um mosaico de cores. Matou inclusive as ervas daninhas, pois a tristeza só abre espaço para si.
Pouco a pouco dominaram a casa, subindo pela parede e invadindo pelas janelas. Já aprendera a viver sem sol a danada, seu unico alimento se tornara as lágrimas. Essas, já quase secas, apenas não desapareciam pela presença de adubo, dor, cujo cheiro já impregnara em tudo. Paredes, chão, telhado e móveis já não existiam mais, corroidos e consumados tornaram-se pó. E o jardim finalmente se transformou em floresta.
Um comentário:
Porque toda mulher deve ter algo chora.
Todavia, ainda assim, desejo que essa tristeza-floresta seja mais poesia e lirismo. De verdade.
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