quarta-feira, 6 de novembro de 2013

[ Moderat - Gita ]

   Para mim, sexo e escrita são irmãos. São arte, movimento e necessidade. Partem de uma pequena vontade, e crescem até me preencher. Posso passar dias, até meses, sem entrar em contato com ambos, mas em cada segundo me inundam o pensamento. Pois essa é a verdade: sou mulher e penso o tempo todo em sexo. E não tenho medo de admiti-lo.
   No ultimo ano vi minha vida mudar radicalmente, especialmente no que se diz respeito a sexo. Me tornei mais ousada; experimentei, tentei, gostei e não gostei. Pedi gozadas na boca de desconhecidos, explorei banheiros públicos e me desprendi de dogmas ha tanto enraizados em mim. Encontrei no sexo casual uma deliciosa forma de trocar, aprender e ensinar. Aprendi a usar meu corpo ao mesmo tempo como templo e arma, já que com ele tudo posso. Em resumo: tornei-me mulher.
   Parece fácil escrito assim em palavras bonitas, até soa natural. No entanto, enquanto revolucionava minha vida e chocava amigas com historias, vi quantas não entendem o poder que tem em si. Ouvi machismos, julgamentos e até confissões de vontades reprimidas espelhadas na minha experiência. Não acredito ser o meu estilo de vida o único certo, mas defendo a mulher como soberana de si e suas vontades.
   Defendo a menina que diz não ao namorado que insiste em fazer sexo anal, e a que diz sim e gosta. Defendo as que, como eu, praticam o sexo livre e descompromissado, assim como as que decidem esperar pelo casamento. E defendo até as que renunciam esse ato terreno pela iluminação espiritual, ou por qualquer outro motivo.
   Somos todas essencialmente livres para tomar decisões de como lidar e expressar a sexualidade em nossas vidas, uma vez que não ha forma certa ou errada de ser feito. Deveria passar por senso comum o fato de nada nem ninguém ser capaz de subjugar-nos contra isso. Pois não ha ser humano algum que vá me chamar vadia sem ouvir resposta, ou celibatária que não despertará a minha curiosidade e admiração. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Você foi o meu maior e, talvez, único amor. E foi exatamente assim que eu te amei: como algo insubstituível. Como um pedaço meu que se perdido, jamais seria encontrado de novo.
Passei meus dias a zelar por isso; a cuidar de lembrar exatamente onde o havia deixado para que ainda estivesse la quando voltasse cansada e querendo a sua voz, o seu abraço, ou apenas um beijo na madrugada. E foi assim que me perdi.
Perdi-me de saber onde estava ou o que queria, de onde vim e para onde vou. Cuidar desse amor, coloca-lo sempre tão aparente, tornou-me apenas uma sombra dele e, talvez, tua. Pois não havia segundo do meu dia não inundado pela sua presença, pela necessidade da manutenção, e eu cada vez mais encharcada. Até que, em uma seca qualquer, você não estava mais la.
Passei dias, meses, a procurar. Desesperada, seca, torta eu te busquei. Gritei seu nome, chorei migalhas do passado e, finalmente, enlouqueci. Enlouqueci e inundei-me inteira, para morrer afogada em meio a tanto e tão pouco.
Mas assim aprendi a nadar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Tudo isso passa

                E depois de um ano você não está mais em mim. Não há mais a sua presença, ou ausência, pelas ruas e durante meus dias. Os livros não tem mais o teu cheiro, nem meu corpo o seu formato. Pequeno e pequena se tornaram apenas palavras, e não segredos que conto mim mesma. Seu nome se tornou apenas mais um, dentre tantos.

sábado, 1 de junho de 2013

                Hoje assisti o primeiro paciente morrer. Digo “o” no lugar de “meu” pois, na verdade, este não pertencia a ninguém até o exato momento no qual isso foi necessário. Até o segundo no qual seus sistemas falharam e todos, heroicamente, correram para resgatá-lo.  Morreu ali mesmo no corredor, estendido em um banco, e nenhum esforço foi suficiente.
                Assisti tudo a minha luz de mera estudante, não podendo ou sabendo fazer nada além disso: observar. Olhei tudo nos mínimos detalhes, a correria das enfermeiras tentando coletar materiais e assistir os médicos, estes gritando com residentes e internos, mas ao mesmo tempo possuídos de uma calma sobre humana. Vi, com o maior pesar, uma família se despedir de um ente querido. Que morreu em um corredor, onde todos continuavam e continuarão passando.
                Prestei atenção em minhas emoções e no fato de surpreendentemente a morte não me surpreender. Não me foi estranho ou desgostoso ver aquele corpo, já sem vida, ali deitado enquanto esperava uma maca para carregá-lo e salvar os mais sensíveis de sua visão. E nem de longe foi prazeroso. Parecia um ato cotidiano incômodo, algo que eu sei que devo me acostumar, mas não sei se quero. Ao meu lado havia uma família chorando sua perda, e eu apenas atônita parada no meio do corredor.
                Ali jazia um ser humano, com angustias, alegrias e uma família a velar por ele. Vi uma mãe, no dia seguinte ao dia das mães, dizer adeus a seu filho e desejar-lhe bem para onde quer que tenha ido. Um filho perder o pai e imergir em lagrimas, sem conseguir dizer nada. Uma mulher perder seu marido e tentar fazer com que a família não desmorone, talvez apenas para que ela mesma também não o faça. Quis abraçá-los e dizer que tudo ficaria bem, mesmo sabendo ser uma mentira. Nada mais será o mesmo a partir de agora para eles, e tudo começou em um banco no corredor de um hospital enquanto aguardavam uma consulta.

                Percebi o jaleco branco como um disfarce, um contraste sobre o nosso véu negro. Pois, ao mesmo tempo em que somos responsáveis por início, recuperação de sistemas e até a restauração de vidas, também carregamos escondida a foice da morte. E esta ocorre em todos os lugares, até em um corredor de ambulatório às oito da manhã de uma segunda feira.

(15/03/2013)

segunda-feira, 13 de maio de 2013


     
          Das lembranças, guardei apenas as boas. Arrumei os sorrisos, guardei as alegrias em potes e espalhei pela casa. Dos passeios em dias ensolarados fiz quadros, para quando a chuva me invadir a alma. Colecionei os olhares trocados, os carinhos e afagos; e como estrelas espalhei pelo céu.
                Reciclei um a um os momentos ruins. Da dor fiz as mais bonitas flores, as quais reguei com as lagrimas colecionadas. Com as palavras amargas trocadas fiz minhas borboletas, pois até do hediondo se faz o belo. E é assim que eu gosto de lembrar de você.

domingo, 31 de março de 2013



              Quando a saudade bate, eu escrevo cartas. Cartas para você, pra mim, para nós. Cartas falando sobre nada, ou sobre tudo. Conto meus dias, minhas noites, esmiúço as minhas dores e amores. Escrevo até todo o sentimento virar verbo. Verso por verso. Linha por linha.

segunda-feira, 11 de março de 2013

'cause lately I've been craving more.


                Nos conhecemos não faz muito tempo. Não lembro como nem onde, mas quando dei por mim estávamos lá embriagados e rindo. Eu disso e você daquilo, era carnaval e cada um tinha sua fantasia. Gostou da minha, hora ou outra achava um jeito de me tocar enquanto fazia graça do meu laço no cabelo. E o seu chapéu sempre a cair. Éramos dois perdidos que se encontravam no mesmo lugar.
                “Vamos dançar!” berrou enquanto agarrou a minha mão e me levou para a pista, nem tive tempo de responder. Rimos enquanto inventávamos passos de dança, cada vez um mais próximo ao outro. Disse que não podia estar la comigo, eu fiz cara de quem não se importava. “É carnaval” respondi e te puxei para perto. Nos beijamos ao som de alguma musica conhecida, eu me apoiando em você tentando não cair. Rimos quando nos afastamos, quis beijar seu nariz e dizer algo doce. Seu chapéu caiu em mim mais uma vez e esqueci porque estávamos lá, ou apenas o porquê de ainda não termos partido.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


O amor é uma droga, e como tal irá consumi-lo até mais nada sobrar. Tomará seus dias e suas noites, nas quais cada vez mais se encontrará vagando sem rumo. E da sua sanidade.... desta ele zombará com todas as forças, fazendo florescer cada esquina e trazendo raios de sol mesmo nos dias mais tempestuosos. Pois aquele que nunca enlouqueceu de amor não conheceu a felicidade.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Porque às vezes a vontade de amar supera o amor em si. E então não há nada mais a se fazer.