Te
encontrei em um dia quente, quase como aqueles de verão. Eu te encontrei ou
você me achou? Não sei, talvez um pouco dos dois. Há semanas discutíamos tudo;
sexo, amor, religião, você com suas historias longas e eu com minhas respostas
complicadas. Havíamos deixado tanto e tão pouco para a imaginação.
Desde
que nos encontramos percebi a noite derreter, alongando e encurtando os minutos
no seu decorrer, até terminar em dia. Não havia assunto com fim, ou problema a
ser solucionado, os cigarros eram meus e a culpa era sua. Você louco e eu bêbada.
Desvendamos o corpo um do outro
como se pintássemos um quadro, você sempre nos extremos e eu nas lacunas
buscando o equilíbrio. Como tinta no papel nos tornamos um até não haver espaço,
ou forças, para mais. E assim continuamos até acabar o que menos possuíamos:
tempo.
Tempo este que após voltou a ser rígido.
Os dias corriam um atrás do outro, enquanto os minutos insistiam em durar
sessenta segundos. Havia pedaços de mim e pedaços de você, mas esparços, cada
vez mais distantes.
E então, juntos, continuamos
separados. Corpos se uniam, mas não se fundiam. As lacunas eram preenchidas por
silêncio. Eu ali, você aqui, e ambos distantes. A sincronicidade dos que se
perdem. Nos despedimos com a certeza do adeus, e eu com o mesmo sorriso por debaixo
do beijo da primeira vez.
Eu te
disse tudo sem falar nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário