Acordei
atrasada, fiquei presa no trânsito, trabalho só problemas, o carinha que eu
tanto gostei tomou chá de sumiço, meu fone de ouvido quebrou, enfim, o dia
pedia uma cerveja no final para a vida ficar um pouco mais amena. Liguei para
uma, duas, grupos de amigas; todas ocupadas. Deve ser inferno astral atrasado.
Minha
amiga de infância atendeu: “Claro que vamos! Vou falar com a Helô, ela sempre
anima essas coisas!” Saí do trabalho, mais trânsito, fila interminável no
mercado, come qualquer coisa para forrar o estomago, vamos! Mas e o meu banho?
Ficou para depois. Era apenas uma cerveja de salvação do dia.
Um
bar fechado. O outro vazio. Esse tá muito caro. Vamos na rua onde tem todo
mundo. Mas eu to uó! Passa uma maquiagem na cara que melhora, esse batom
vermelho fica bom pra disfarçar essa sua blusa de menino. Tem um desodorante
jogado aí no chão do carro.
Finalmente
sentada em uma mesa de bar, com uma cerveja gelada na mão, a vida começava a se
tornar agradável. Cumprimentar conhecidos, rir do menino que mandou uma piscada
para a minha amiga, beber sem a preocupação de impressionar, ninguém vai
prestar atenção em mim hoje mesmo.
Olha
lá aquela menina que estudava com a gente! Ela não tá morando na Austrália? Ah,
eu gosto tanto dela! Ela nunca falou comigo no colégio. Vamos juntar as mesas!
Oi, eu sou o irmão da Clara, vou deixar as minhas coisas aqui, tudo bem? Sem
problemas.
As
horas passaram, os copos enchiam e esvaziavam. Na mesa pessoas com quem nunca
havia falado e uma calorosa discussão sobre política. Eu não voto nele. Então
você concorda com o governo atual? Não estou dizendo isso, só que não voto nele
nem no partido dele. Você é louca, e nem vem que eu sei que essa de trabalhar
com pobre é pra se sentir melhor consigo mesma! Obvio que é. Se você não fosse
tão comunista namorava contigo.
Olhei
no relógio, já deveria estar em casa. Enchi o copo, agora não faz mais
diferença. Levantei, ascendi um cigarro e encostei no carro, já consigo sentir
a dor de cabeça vindo. Oi, desculpa qualquer coisa, viu? São só opiniões
diferentes, não precisava sair da mesa. Imagina, eu fui só no banheiro mesmo.
Ah, ok. Tem um isqueiro? Claro. O que você faz além de ser comunista e salvar
pobre? Pouca coisa, não sobra muito tempo. Esse seu batom é um problema, eu não
sei se converso com você olhando para os seus olhos ou a sua boca. Você olha
para onde quiser.
Minutos
(horas?), beijos, implicâncias e cigarros depois minhas amigas me encontram, já
estávamos indo. O Rafa vai te deixar em casa, ok? Como assim? Ele vai te deixar
em casa ué. Tudo bem. Vamos? Vamos, só tem uma má notícia. A gente vai de
ônibus? Não, de taxi. Então ta ótimo. Para ali, no posto por favor! Por que? Eu
preciso sacar dinheiro. Não precisa, eu tenho. Até parece que você vai pagar.
Por que? Porque não. É ali no próximo retorno, moço. Por que você ta virando
aqui? Porque eu moro ali naqueles prédios. Eu não disse que ia te deixar em
casa? Disse. Então para com isso, a gente passa lá em casa e eu pego o carro.
Conheço essa história.
Descemos
do taxi a uma quadra da minha casa, poderia voltar a pé se quisesse. Ele bêbado
de cair, eu julgando as escolhas da noite. Vou pegar a chave do carro e vamos
para um motel, ou você prefere ficar aqui? Eu tenho aula daqui a pouco. Hm, só
não pode fazer muito barulho porque a minha mãe ta em casa. Não sou muito boa
em não fazer barulho. Quero só ver.
Fui
ao banheiro, joguei uma agua no rosto. Estava cansada e era visível. Que porra
de decisão foi essa? Deveria ter ido para casa, to fedendo. Pelo menos ele riu
quando disse que estava menstruada e peluda. “Vou ficar que nem o coringa de
bigode?” Que tipo de resposta é essa? Bem, agora já estou aqui, melhor entrar
no clima.
Chego
no quarto, vazio, apenas a janela aberta mostrando a madrugada. Tirei a roupa,
deixei em uma pilha no canto junto com a mochila. Sentei na cama e esperei. Você
já está assim? Fico até sem graça. Deita. Quer que eu apague a luz? Não. Assim
que eu gosto.
Subi
em cima dele e tirei sua blusa enquanto lambia o descoberto. Mordi a nuca,
achei o cinto. Abaixei a calça enquanto colocava seu membro duro na minha boca,
ele gemeu. Permaneci ali até ser puxada, não sairia a não ser que me tirasse.
Cadê a camisinha? Não tenho. Como assim? Não tenho. Porra, você me traz aqui e
não tem camisinha? Ato falho. Pra caralho, vamos comprar. Tá falando sério?
Obvio, senão não vai rolar. Aff. Se veste, a gente vai rápido.
Dentro
do carro sua mão na minha coxa, procurando o meu sexo. Eu rindo com um cigarro
na mão. Vou parar ali naquele posto, deve ter. Não tem. Como tem tanta certeza?
Eu moro ali do lado, vivo lá, nunca vi uma camisinha. Quer apostar? Quero.
Então ta, se tiver você vai até lá em casa me chupando enquanto eu dirijo, e
vou dar duas voltas no quarteirão. Fica à vontade.
Ele
volta da loja com o maior sorriso que já vi, começo a rir. Sentou, chegou o
banco para trás e inclinou, enquanto se gabava da conquista. Ligou o carro e eu
abri a sua calça, havia um quê de vitória em perder aquela aposta. Levanta
que vou ter que abrir a janela para entrar no prédio. Você não ia dar duas
voltas no quarteirão? .... Sorri e voltei ao que estava fazendo, me chamou de
safada.
De
volta ao quarto terminamos o que havíamos começado. E começamos de novo. E de
novo. Até sermos parados pelos meus despertadores. Preciso ir para casa. Você
vai na aula mesmo? Vou, não posso faltar. Queria tanto que hoje fosse sábado e
você pudesse ficar aqui. Também queria, mas não posso. Me deixa lá? Só porque
você mora perto. Então se fosse longe eu voltava a pé, seu escroto? É
Descemos
o elevador com um senhor de olhar repreensivo, eu descabelada e ele feliz
sorrindo. Não acredito que você mora tão perto, muito bom isso. Por que? Porque
sim ué, sempre que quiser repetir só falar, tão perto. Você já disse isso. É
porque to feliz mesmo por você morar perto. Então valeu a pena comer uma
comunista? Claro que valeu, agora até voto no PT.
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