quarta-feira, 18 de março de 2009

Soltou o ar uma, duas vezes. Sorriu como se tivesse medo de fazê-lo, apenas puxando a ponta dos lábios. Estalava os dedos enquanto olhava para os lados nervosa, parecia querer fugir dali. Perguntou-lhe se havia algo de errado mesmo que a resposta pudesse ser “tu”, achava superior a educação à rejeição. Recebeu um seco “não” quase como um tapa, as mentiras bobas faladas verdadeiramente.
Sempre pensou que gostasse dali, era um bar com ar de bordel abandonado, o papel de parede rosado misturado à madeira encardida, quase como um refugio atemporal, e sua presença não a incomodava mais hoje que nos últimos anos, então seria algo novo. Nunca foi muito chegado à surpresas na outra metade. Especialmente se tal visão de divisões não era recíproca.
“O que está pensando?” Lançou logo que a viu vagando com olhares pelas decorações no local; seu interesse por design de interiores costumava condizer com seus melhores pensamentos.
“Ai, você e as suas perguntas. Que saco. Nada.” E logo após matou-lhe a pedradas em sua imaginação. Assumiu fazer isso quando dava esse tipo de resposta uma vez.
“Sem assassinatos imaginativos hoje, por favor. Quer ir embora ou só que eu vá?”
“Bebe a porra da sua cerveja e para de encher o saco.”
“Não.”
“Então só fica calado e não enche o saco. Garçon!!!!!! Vê mais um chopp, por favor.”
Rendeu-se a ficar em silencio fantasiando o quão eram mais felizes e carinhosos um com o outro no tempo passado, inventando uma memória aqui e ali só para torná-los mais destruídos a ponto de não terem salvação atualmente. Ah... a saudosa época do sexo diário ou a simples falta da diária “dor de cabeça”.