segunda-feira, 31 de março de 2008

[ Olivia Broadfield - It's a long way ]

Lutei um dia inteiro contra a vontade de escrever isso. Na verdade, não foi só um dia, deve fazer algumas semanas agora, mas só há um dia essa vontade realmente me incomoda.
É verdade que não tenho nada a falar, nada que resolvesse as coisas ou fizesse diferença, nem muito menos algo que queira ler. Acho que não queria ler nada, queria apenas me ver desaparecer do mesmo jeito que surgi, ou talvez quem sabe aos poucos, como um pôr-do-sol de inverno.
Seria mais fácil se soubesse, se sumissem uma a uma as suposições e as idéias, secassem as lagrimas no rosto. Queria certezas, palpitações de um coração dilacerado, tiros certeiros na sala escura. Costas verbais a longitudes físicas.
Desistências, resistências, reticências a parte, houve amor. Não, não amor, houve junção. Falta de espaços imaginários ou reais, sincronia em tempo e palavras. Existiu, em um pequeno aquário fictício, o desespero de dois que, na verdade, eram um.
Não há mais palavras, só vontades. Isso é o inicio e o fim de tudo. É meu ápice que precede minha queda.

domingo, 23 de março de 2008

Cantou-se a mesma musica para as borboletas do infinito, as asas amarelas arrepiavam.

Deixou-se que o cadeado comido pela ferrugem caísse ao chão, não havia mais lógica para fechaduras. Estava tudo aberto, jogado, arregaçado. Eram como papeis cortados jogados em uma bela paisagem, girando e voando até cair.
Espalhou os cacos, contou-os, observou suas cores e formas. Não havia mais como junta-los, eram apenas uma sucessão de acontecimentos, jamais poderia se dizer da onde vieram.
Desatou um a um os nós do cabelo. Despiu do casaco dor de carmin, espantando o inverno. Calou-se das banalidades protetoras, de nada mais lhe serviam. Sem o frio logo vem o calor, trazendo o abrir da primavera. Cores talvez a levassem dali.



Os lírios desabrochados pela luz derreteram-se no vento, semeou o ar com perfume e pólen.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Did you take the time to realize?

Daquelas duas mãos que se tocaram, como tantas outras já o fizeram sem perceber, nasceram os sorrisos e as caricias trocadas em murmuros silenciosos. As ruas desfilavam tristes com o céu alaranjado nos olhos cansados, desconcentrados de tudo. Da tarde ínfima surgia o brilho da noite, perguntava quantas estrelas era possível contar na piscina infinita dos olhos dilatados. Presos pela incerteza do seu amor, despediam-se com beijinhos ao horizonte, certos que errariam o destino.