domingo, 24 de julho de 2011


E eu queria te abraçar todos os dias; assim, para ficar bem juntinho. Daquele tipo de abraço recheado de beijinhos, por todo o rosto e pescoço, como bolo que no meio tem aquela surpresa cremosa para ficar mais gostoso. Te largaria apenas em ocasiões especias, e necessárias de protocolos e avaliações, porque vai que você decide ir e não voltar mais? E como granulado cobriria nossas tardes com risadas, bem nossas; íntimas, aconchegadas, verdadeiras. Nosso chá seriam as cobertas, pois todo doce precisa de água para balancear, nos aquecendo e escondendo os movimentos indevidos.

Ah sim, a cobertura. Cometi o erro de citar o granulado e esquecer a cobertura, parte essencial. A cobertura é o amor. Nosso. Meu. Teu. Uma mistura de chocolate branco e preto, com talvez uma pitada de limão siciliano, dando uma explosão única de sabor. O mesmo que sinto toda vez que nos beijamos. E esses seriamos, e somos, nós a saborear cada pedaço bem devagar, para deixar perdurar o máximo tempo possível, quem sabe até para sempre.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

you leave tonight or live and die this way.

Deitou a mão sobre o ombro e esperou. Uma resposta, uma respiração, qualquer coisa, mas esperou. Nada aconteceu, ou sentiu, se tornara vazia. Como o vazo quebrado que jamais voltaria a ser o mesmo, ela era a flor derramada, e jogada no chão permaneceu. Olhou em volta, nada viu, as formas antes tão conhecidas agora lhe eram estranhas, disformes, como em um sonho estranho. Acreditou estar em um pesadelo.

"E você não vai falar nada?"

"Falar o que?"

"Não sei."

Fingia desconhecer a voz, fechava os olhos para não ver, abraçou as pernas com força. Ele a tocou, leve, delicado, ela recusou. Tocar para quê? Nada mais havia ali. Tentou se explicar, para si, mas os pensamentos não acompanhavam mais. As palavras, sempre tão fáceis e queridas, saíam uma a uma pela janela, seguindo o caminho que ela tantas vezes pensou em fazer. Respirou mais uma vez, doeu um pouco e quase se alegrou com isso, sentia algo.

"Você vai, ou eu vou?"

"Tanto faz, você escolhe."

"Pára com essa porra de nunca escolher nada, por favor."

"Então eu vou."

"Por quê?"

"Preciso escolher, te explicar já está fora de questão."

Levantou e se recolheu, um a um catou os pedaços espalhados. Percebeu serem bem estúpidos assim pelo chão, desconexos, e tentou apagar em sí o valor dos cacos juntos. Apagou todas as luzes ao sair.