segunda-feira, 10 de outubro de 2011

when there's a burning in your heart.

E eu que sempre me achei pequena demais para caber nesse amor nosso, por fim me perdi em sua infinitude. Não sei mais seu limite, se é que existe, então vago. Desarrumada, nua, descabelada, cansada, descalça, perdida. Eu vago, deslumbrada. Incrédula das cores e sons criados, atônita. Seria possível não ter notado antes? Não perceber seu tamanho e beleza? Será possível não verem os outros? Pergunto sem resposta, em silêncio ou gritado, não há respostas. Há eu e há você. Sim, nós. Nunca criamos nada, mas fizemos tudo. Tiramos o riso de cada lágrima compartilhada e da dor separada se fez o mel, com o qual adocicamos os momentos azedos. Desajustados, sempre, cantarolamos músicas desconhecidas até sabê-las de cor. Porque assim memorizamos um ao outro, pela repetição e curiosidade, e agora não nos resta um pedaço sequer. Meu? Teu? Nosso. É apenas uma pessoalidade perdida, vagando em direção oposta a minha, a se emaranhar cada vez mais. E eventualmente sumir.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

love in the nick of time



E no momento em que você disse que tudo ficaria bem, tudo ficou. A brisa, que antes em mim era um vendaval, soprou leve e serena. O sol, brincalhão, deixou seus raios escaparem por entre as nuvens na tarde gelada. Todo o inverno pela cidade clareou com tons de primavera, quiçá um verão aqui e ali. Todos os guarda-chuvas a circular pelas ruas foram substituidos por óculos escuros, apenas porque você me prometeu.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

silêncio por favor.

E eu que sempre quis tanta coisa, já não quero nada. Um som, um cheiro, uma música ou um gosto. Talvez queira apenas deixar e ser deixada, viver e deixar viver. Viver aqui no sentido de existir, de perdurar dia após dia sem saber muito o porquê, mas perdurar já que somos todos criaturas de hábito. E abandonar os antigos vícios, para já não ter mais paciência de adquirir novos, e talvez até quem sabe mudar. O cabelo, a roupa, a casa, o endereço, cep ou país. Mudar para ficar tudo na mesma, para ainda perdurar, e apenas isso. E ainda não querer nada.

Repetir e problematizar todas aquelas sentenças sem sentido, uma após a outra, sem nunca sequer entender uma silaba. E chorar quando lhe cabe e rir ainda mais quando não se deve. Ta aí, queria poder chorar. Derramar uma por uma as lágrimas contidas, doces de já tanto tempo guardadas, e assim permanecer. Chorando. Chorando até rir, ou só até secar. E aí mais nada. Quem sabe ser salva pela apatia, ou só ser deixada a sorte com meus sentimentos.

E eu sinto inveja da felicidade, das suas demonstrações mais piegas. Sinto inveja da felicidade dos outros, já que a minha fez questão de ir embora.

domingo, 24 de julho de 2011


E eu queria te abraçar todos os dias; assim, para ficar bem juntinho. Daquele tipo de abraço recheado de beijinhos, por todo o rosto e pescoço, como bolo que no meio tem aquela surpresa cremosa para ficar mais gostoso. Te largaria apenas em ocasiões especias, e necessárias de protocolos e avaliações, porque vai que você decide ir e não voltar mais? E como granulado cobriria nossas tardes com risadas, bem nossas; íntimas, aconchegadas, verdadeiras. Nosso chá seriam as cobertas, pois todo doce precisa de água para balancear, nos aquecendo e escondendo os movimentos indevidos.

Ah sim, a cobertura. Cometi o erro de citar o granulado e esquecer a cobertura, parte essencial. A cobertura é o amor. Nosso. Meu. Teu. Uma mistura de chocolate branco e preto, com talvez uma pitada de limão siciliano, dando uma explosão única de sabor. O mesmo que sinto toda vez que nos beijamos. E esses seriamos, e somos, nós a saborear cada pedaço bem devagar, para deixar perdurar o máximo tempo possível, quem sabe até para sempre.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

you leave tonight or live and die this way.

Deitou a mão sobre o ombro e esperou. Uma resposta, uma respiração, qualquer coisa, mas esperou. Nada aconteceu, ou sentiu, se tornara vazia. Como o vazo quebrado que jamais voltaria a ser o mesmo, ela era a flor derramada, e jogada no chão permaneceu. Olhou em volta, nada viu, as formas antes tão conhecidas agora lhe eram estranhas, disformes, como em um sonho estranho. Acreditou estar em um pesadelo.

"E você não vai falar nada?"

"Falar o que?"

"Não sei."

Fingia desconhecer a voz, fechava os olhos para não ver, abraçou as pernas com força. Ele a tocou, leve, delicado, ela recusou. Tocar para quê? Nada mais havia ali. Tentou se explicar, para si, mas os pensamentos não acompanhavam mais. As palavras, sempre tão fáceis e queridas, saíam uma a uma pela janela, seguindo o caminho que ela tantas vezes pensou em fazer. Respirou mais uma vez, doeu um pouco e quase se alegrou com isso, sentia algo.

"Você vai, ou eu vou?"

"Tanto faz, você escolhe."

"Pára com essa porra de nunca escolher nada, por favor."

"Então eu vou."

"Por quê?"

"Preciso escolher, te explicar já está fora de questão."

Levantou e se recolheu, um a um catou os pedaços espalhados. Percebeu serem bem estúpidos assim pelo chão, desconexos, e tentou apagar em sí o valor dos cacos juntos. Apagou todas as luzes ao sair.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

how sad is a dancer on his own?

Quero você dentro, ao lado, de qualquer jeito, de qualquer maneira. Apenas te quero perto.
Quero seu cheiro, seu sabor, teu eu. Quero em mim, esparramado, para me esparramar em ti também.
Quero a ausência do meu ausente, os passos um atrás do outro, juntos.
Quero a musica infinita das vozes unidas, nossas, repetidas. Um eco solto pelo cômodo.
Te quero;

sexta-feira, 13 de maio de 2011

porque das poucas vezes que a necessidade nasce da vontade, esta talvez seja a maior.


E então você colocou a mão na minha. Calmo, doce, atento. E eu sempre distraída. Demorei a perceber, observava as borboletas pela janela; você me olhando esperando uma reação. E então vi. Eu, você, nós. Tudo nascia, era novo, fresco, mas com cheiro de velho. Não com cheiro de mofo ou ransoso, era um cheiro gostoso. Daqueles que lembram a infância, ou algo sempre conhecido. E você ainda me olhando.

Sorri. Não havia mais o que fazer, ou eu pelo menos não sabia outra reação. Ri por dentro, rí toda. Floresci como margarida na primavera, derreti. A borboleta la de fora entrou, e eu por um segundo não me distrai. Não com ela. Me distrai em você, em contar e decorar as marcas dos seus olhos, as curvas do seu rosto, em te aprender. Desviei o olhar rapido, sempre tive mania de encarar as pessoas e não é educado, desculpe. Segurou meu rosto com sua mão, como quem faz carinho e puxa pra perto. Quis chorar, não sei porque, mas quis. Quis tanto. No lugar, sorri. Sorri até cair na gargalhada, e ainda me olhava.

Permiti-me te abraçar, em um momento de fraqueza. Me agarrei como se o fizesse a minha própria vida (seria?), e ali fiquei. Enterrei o rosto no seu corpo, ainda querendo chorar, e senti seus braços me envolvendo. Te apertei mais, talvez até machucar, como quem pede por favor não me tira daqui.

E até hoje não o fez.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

hoje eu quero apenas uma pausa de mil compassos.


Separou a tristeza como se fosse flor. A tratou como lírios; bonita, cheirosa, e capaz de crescer em cemitérios. Regou todos os dias com suas lágrimas, e colocava um pouco de açúcar no vaso para balancear com o gosto salgado. Depois de grandes, plantou em seu jardim. Deixou que crescessem, dominassem o terreno. Pouco sobrou das antigas tilupas e rosas, outrora formando um mosaico de cores. Matou inclusive as ervas daninhas, pois a tristeza só abre espaço para si.

Pouco a pouco dominaram a casa, subindo pela parede e invadindo pelas janelas. Já aprendera a viver sem sol a danada, seu unico alimento se tornara as lágrimas. Essas, já quase secas, apenas não desapareciam pela presença de adubo, dor, cujo cheiro já impregnara em tudo. Paredes, chão, telhado e móveis já não existiam mais, corroidos e consumados tornaram-se pó. E o jardim finalmente se transformou em floresta.

terça-feira, 1 de março de 2011

just like all those pretty lights in the sky.


Se te dissesse todas as coisas que penso quando te olho seria uma infinita lista de elogios. Iriam desde como gosto dessa sua barba mal feita, do formato do seu rosto, nariz e lábios, até a alegria que bate no meu coração. Desse seu tocar de pele pela manhã ou a noite, que em tão pouco já me dá tanto prazer, ou aquela sensação de carinho quando afago suas mãos e bochechas. Diria quanto te amo por ser quem é, com qualidades e defeitos, e aquele jeito de pessoa apaixonada assustada. Gosto quando revezamos em ser sua pequena e meu pequeno, e, especialmente, quando o somos concomitantemente. De ter a sua respiração perto da minha no meio das cobertas, e sentir o seu cheiro invadindo as vias aéreas preenchendo-as com o aquele perfume delicado que conheço tão bem cada nota.

Recitaria os pequenos versos ditos apenas no olhar. Alguns bonitos, outros nem tanto, mas todos com amor. Beijaria-te ainda mais para quando me faltassem as palavras, porque sei que esse pequeno gesto cobre tantas. Daria talvez mais abraços, ou pelo menos mais apertados, para dividir o meu calor com o teu. E estaria sempre a te tocar, com movimentos quase acidentais como um encostar de mãos em uma mesa de bar ou aquele carinho que me escapa tão naturalmente pelo seu cabelo ou em qualquer outra parte do seu corpo. Ah, o seu corpo. Esse vasto templo no qual me perco em novas descobertas e sensações, e onde pouco a pouco faço de casa, ou melhor, lar.

E assim continuaria, por infinitos fonemas e linhas, até que, cansada e enrugada, me acabasse o ar, pois dizeres ainda teria muitos.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

the scars of your love remind me of us


Porque a verdade é que as coisas nunca tiveram muita graça sem a sua presença. Mesmo esta sendo apenas virtual; já te aguardava todos os dias ansiosa mesmo antes de ter a coragem de adimiti-lo. E talvez por isso devesse desculpas a alguém, mas agora não cabe mais. É, desculpa. Bem, voltando ao inicio; as coisas continuam chatas sem você. Fico o dia todo jogada, desarrumada, até desajustada comigo, já que não está aqui para mudar isso. É, infelizmente agora essa responsabilidade é tua. Tua ou sua? Tanto faz, apenas te pertence. Assim como assumo como minha a de cuidar de você. Procurar furos e manchas na camisa, kriptonita e esses tipos de coisa as quais faço com tanto prazer e carinho. Além das mais sérias, como assegurar a sua felicidade, saude e sanidade mental. Essas, mais trabalhosas e delicadas, me deixam com um gosto sem igual a perdurar na boca. Como um misto de doce, salgado e azedo; formando algo tão unico e delicioso; suspeito ser gosto de ser feliz.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

we're smiling but we're close to tears


Debruçou a cabeça no parapeito, olhava o horizonte perdido procurando o seu limite. O sol já partia dando inicio a noite com suas cores alaranjadas, tudo seguindo seu próprio sentimento, repetindo o girar da vida. Estava frio, e ela lá só de calcinha, com ar de quem não se importa, talvez cantando algo triste. Passaria o resto do tempo ali se pudesse, mesmo sem saber quanto este duraria.
Ele a abraçou por trás, como um grande casaco, e deu um beijo no pescoço. Ela tremeu e encolheu um pouco, rindo.
“Chorando por que, vida?”
“Como você sabe sempre que estou chorando?”
“Acho que seria errado se não soubesse.”
“É... talvez.”
“Não muda de assunto, me responde vai. Não gosto de te ver assim.”
A virou e enxugou a lágrima do seu rosto, beijando e envolvendo toda a pele exposta. Ela desabava, sem conseguir falar, ou sequer respirar. Ele a segurava ainda mais.
“O que aconteceu? Assim eu fico preocupado, foi alguma coisa que eu fiz?”
“Não, claro que não, meu amor.” E o abraçou apertado “É saudade só.”
“Eu tava logo ali, distraído dormindo um pouco, não pode ser isso. Não mente pra mim, é ruim quando faz assim.”
“Não to mentindo, prometo que é saudade.”
“E por que não me acordou então?”
“Parecia feliz dormindo, e eu aqui toda triste. Ia estragar.”
“Claro que não, meu amor. Você nunca estraga nada.”
“Estrago sim. Te estrago por exemplo, deixando todo mimado.”
“Hahahaha. E eu faço o mesmo contigo, então é justo.”
“Pode até ser, mas ainda assim estou te estragando.”
“Claro que não, boba. Te amo.”
“Amo mais.”



Primeiro lugar desculpa por tomar a liberdade de colocar meus sentimentos nas suas palavras, espero que não se incomode. Segundo, feliz um mês de namoro. Eu te amo, e quero que todo mundo leia e saiba disso, já que é a verdade, nesse espaço coberto por tantas mentiras. E é pra sempre, tá? (primeiro. ultimo. e único.)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

primeiro. ultimo. e unico.


Se a felicidade tivesse nome, seria o teu. Teria teu cheiro, voz e gosto. Seria asmatica, para me lembrar de respirar ao teu lado. E suada, para me aquecer mesmo no frio. Faria sempre uma piada ou outra sem graça, arrancando aquele riso solto, verdadeiro de tão inesperado. E falaria sem parar, discursando com amor, transformando cada palavra em musica. Daria beijinhos, abraços, e declarações inesperadas, derrubando barreiras construidas já não se sabe mais porquê. Sofreria de saudades, ciumes e inseguranças exagerados, ignorando o tamanho do amor mutuo. E teria todas coisas que amo em ti, detalhe por detalhe, sem faltar um único traço; já que o subjuntivo de nada serve mais, uma vez que é.