sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Eu quero o seu cheiro no meu cabelo, a sua mão na minha, o desaparecer das horas.

O pequeno bar cheirava a mofo e cigarro, a fumaça dificultava o respirar. As pessoas amontoavam-se pelo lugar, seis sentavam em volta de uma pequena mesa para quatro com garrafas espalhadas enquanto gritavam algo incompreensível, algumas juntavam-se no balcão, olhando maldosamente para os que conseguiam sentar.
Achava difícil se concentrar nos rostos a sua volta, misturavam-se uns nos outros, menos no que se encontrava a sua frente. A beleza chamava a atenção, de quem quer que fosse, com os olhos azuis e o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo, chegava a incomodar quando ria das piadas sem graça feitas ao acaso, fazia-o irresistível. Batiam cigarros e esvaziavam copos, falando sobre a vida e o mundo, as mãos dadas por debaixo da mesa. Toca-lo tornava a sensação de olhá-lo quase insignificante, mesmo com as pontas dos dedos dormentes.
Encontrar as palavras parecia difícil, havia tanto e tão pouco a ser dito, pareciam perder-se na musica de fundo. As luzes em volta piscavam, a tv ligada emitia um zumbido incomodo, o ambiente dissolvia-se lentamente, como açúcar na água. Casacos escondiam corações acelerados, apertados, enquanto vozes falhas revelavam passados manchados.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Tantos textos levam o seu nome...

Chega o momento no qual tudo sucumbe. Uma a uma as rachaduras cedem na parede, abrindo espaço para a água entrar. Logo o pequeno quarto de paredes brancas e chão de terra pisada transborda. A terra torna-se lama, viscosa e grudenta, a tinta branca nova descasca revelando cores passadas. Centímetro por centímetro a água invade o quarto, possuindo-o, tirando o ar até sufocá-lo. Não há nada a se fazer, chorar só o preencheria mais. Do quarto vazio, nada fica no lugar, tudo torna-se lama ou água, diferente mas sempre igual.