terça-feira, 18 de dezembro de 2012


“Me dei mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas… existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor, que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente, e olhe pra ele, olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco… mas faz um bem danado depois que passa. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço, meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama.”
- Caio Fernando Abreu.

sábado, 15 de dezembro de 2012

if our love's insanity why are you my clarity?


                Abriu o sorriso como quem desabrochava, abaixando o rosto tentando esconder o rápido momento de vulnerabilidade. O que estava acontecendo? Onde estava a menina tão dona de si e de seus sentimentos? Aquela que prometeu nunca mais se apaixonar.
                Olhou para ele confusa, procurando resposta em seus olhos. Ele respondia com mais confusão, nunca entendendo o que se passava ali. Tentou se aproximar e ela encolheu na cadeira tentando fugir, então apenas passou a mão em seus cabelos e riu.
                “Adoro os seus cachos.”
                “Eu sei, sempre diz isso. Mais uma cerveja?”
                “Você sempre muda de assunto assim?”
                “Que?”
                “Me diz algo que eu não saiba sobre você.”
                “Essa pergunta é minha.”
                E virou o resto do copo, se perguntando por que tantos anos depois ainda continuava com os mesmos maus hábitos. Sempre a mesma pergunta, mas com respostas cada vez mais distintas, mesmo que verdadeiras. Olhou mais uma vez nos olhos, gostava deles. Eram meigos, lembrando os dela própria. Talvez fosse isso o que tanto a atraia, essa falsa semelhança imaginada entre eles.
                Deixou as mãos se encontrarem e os dedos automaticamente se entrelaçaram, como um antigo vicio. Sorriu mais uma vez, quase rindo. “Talvez seja só a cerveja. É, com certeza é isso.” Continuava repetindo mentalmente enquanto conversavam e seu corpo cada vez mais se inclinava em direção a ele. Beijaram-se mais uma vez de forma longa e intensa, incomodando todos ao seu redor como sempre faziam.
                “Me leva daqui.”
                “Como?”
                “Pra qualquer lugar, me leva para onde você quiser ir.”
                “Tem certeza?”
                “Não.”
                “Então ta.”
                E naquela noite ambos sumiram. Buscou-se por anos e meses encontrá-los novamente, mas sempre em vão. As únicas mensagens esporádicas consistiam de apenas uma palavra: Alegria.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012



                Quando você partiu, senti um pedaço meu indo junto. Era algo importante, grande, insubstituível. E por isso passei meses a procurá-lo de volta. Em cada pedra e esquina eu observava. Em cada cheiro e beijo novo eu tentava senti-lo, mas sempre sem sucesso.
                Então os meses se passaram e, quando eu menos esperava, não havia mais vazios em mim. O que me faltava agora se encontrava em seu devido lugar, como se nunca tivesse partido. E essa era a verdade; não era eu quem deixara de ser completa com a sua partida, e sim você que carregava um presente meu.