segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

por isso não vá embora...

"Depois de varrida a casa e assentada a poeira, quando tudo finalmente toma o seu devido lugar, é fácil notar os buracos pelo teto, parede e chão..."

Esse foi o inicio de um texto para você que infelizmente foi deixado em hiato devido ao excesso de lágrimas. Sabe, até chegar em casa a saudade ainda não me tinha apertado no peito, mas ficando aqui sozinha e voltando a minha rotina é que percebi a sua falta. Como não ter você pra convidar a tomar banho e lavar as minhas costas me dá vontade de ficar suja até a sua volta; ou ter fome e não comer nada porque sem você aqui não tem pra quem cozinhar um bom risoto. É nesses momentos que percebo o porque tenho tanto medo de te perder, porque ficar sem te ver não tem explicação. As únicas conversas e risadas são as vindas da tv e eu continuo jogada, ou talvez largada, no mesmo cantinho de sempre,encolhida e cheia de cobertas mesmo no calor.
E assim eu poderia continuar por quantas linhas ou tempo tivesse, descrevendo cada detalhe, nuance e berro que me faz te amar e pedir sempre para que volte, ou fique.
Então, por favor, volte. O mais rápido que conseguir, mesmo que demore para sempre. Apenas volte e deixe que eu te abrace e cubra de beijos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

and you turned away and I wonder...


Sentou na escrivaninha, abriu a gaveta e tirou o papel amarelado pelo tempo junto à caneta tinteira do avô. Analisava cuidadosamente cada ação ao mesmo que se indagava porque, diabos, fazia aquilo. Não havia sentido, lógica ou razão para remexer em segredos escondidos de si dentro da alma, para abrir tão impiedosamente o próprio coração, mas agora estava decidido e seria feito.
Pegou e soltou a caneta inúmeras vezes antes de decidir que tudo aquilo era uma imensa bobagem e que apenas se fazia de idiota, afinal, não teria nada a escrever além de “oi” e outras palavras borradas a lágrimas. Nem sabia se a reconheceria depois de tantos anos ou se, na pior das hipóteses, a carta chegaria ao longínquo continente. “Ainda assim merecemos esse final”, repetiu baixo enquanto acendia o último cigarro e apoiava a testa nas mãos jogando o isqueiro para longe.
Deixou as lágrimas correrem junto às palavras, rasgou cada pedaço dentro de si em letras e fonemas. Contou verdades e mentiras, todas recheadas de estrelas e borboletas, como ambos gostam. Descreveu o quarto onde passaram aquele verão como se ele jamais o tivesse visto, e provavelmente nunca o tinha daquela forma. Terminou algumas horas depois e, com os olhos inchados como estavam, a enviou pelo correio, se esperasse não o faria.
Passados dois meses, a campainha tocou e lá ele se encontrava, com uma pequena mala e o envelope amassado nas mãos. Apenas foi necessária uma frase:
“Seu único engano foi achar que te deixei.”

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

and I miss you, love.

Depois de tanto me perguntar, de todas as horas me indagando, descobri o problema. Era obvio, perceptível, zombava de mim pela cegueira e mesma assim não o percebia. O problema é que sinto a sua falta.
Sei que não foi a lugar nenhum, que continua nas estantes que te coloquei pelo quarto enquanto tentava encontrar o melhor lugar para você, mas simplesmente não te sinto mais aqui. É como se toda aquela energia, todo o amor, me tivesse escapado pelos dedos enquanto não percebia. E não importa o quanto procure e remexa por ele, seja em gavetas ou no fundo dos seus olhos, não vejo em lugar nenhum. Mesmo em palavras consigo senti-lo esvaecer.
Talvez não o tenha perdido, ou jogado fora, apenas o esteja guardando, afogado por todas as outras coisas que nos assolam, em alguma caixa empoeirada pelos armários. Não sei, mas é disso que tento me convencer todos os dias.