quarta-feira, 26 de maio de 2010

para você Mariana Stutz


de todas, você é a pessoa que eu sinto mais falta.
seja de irritar trocando as cores das tampas das suas canetas ou de apenas conversar fazendo um brigadeiro.
não sei, acho que me conquistou do mesmo jeito que entrou na minha vida: de supetão, arrombando portas e abrindo janelas para a luz entrar. só não queria te ver desaparecer, rapido ou devagar, pela porta da frente ou de tras, porque colecionar lembranças nunca supera a oportunidade de criar novas.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

and I think I'm going to like it.



   Ah, há tanto tempo não escrevo assim. Com a alma não a chorar, mas a regurgitar. Ou seria “vomitar” mais certo, porém feio? Tanto faz, a grande coisa é que agora não choro. Mentira, choro, mas um choro diferente. Com gritos e berros iguais a todos os outros, mas são diferentes, outros timbres, outra voz, outras lágrimas. São uma libertação. Do que? Não sei, de mim talvez, desse peso inútil e enorme no qual me transformei ao longo dos tempos, e que agora já me cansa. Não, não estou nem irei me livrar de você, uma vez que você não sou (ou é) eu. Vê, somos pessoas diferentes, e essa é a nossa beleza em estarmos juntos. Pois somos tão, mas tão diferentes que nos completamos, nos encaixamos. Não, não só no sexo, esse é apenas um necessário complemento físico.
   Nos completamos a medida que falamos de coisas que o outro não entende, mas aprendemos a ouvir com atenção, ou pelo menos a fingir. Porque eu falo alto e você fala baixo, e eu estou sempre a voar por ai. Ta aí, mais uma diferença completante. Não é lindo? Eu sempre bêbada e você sempre sóbrio, um o pilar do outro, e este a sua fuga. Você é os dois pra mim. Não, você não é tudo, desculpa. Desculpa nada, é ótimo você não ser tudo. “Tudo” envolve problemas, dramas, mais vômitos e choros, e tantas outras basbaquices que não se encaixam a você, mas a mim.
   E lá volto eu, tentando me livrar de mim mesma. Mas como fazer isso? Infelizmente nasci ligada a isso (sim, isso, sou uma coisa, tipo... não sei, sou complicada demais pra ser pedra que se mexe), como que por um cordão umbilical impossível de ser cortado, maldição.
Ai senhor, cansei de pensar e falar besteiras. Vou viver por aí. Vem comigo?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

'Cause I've been dreaming a lie.


Acho que tudo o que sempre quis foi uma historia de princesa, com príncipes, bruxas e castelos. Daqueles mais comuns mesmo; com o clichê de ser raptada e depois resgatada com um beijo, ou um sapatinho de cristal. Queria um reino todo meu, colorido, de chuvas quando se está triste, e alguém para lutar por ele, ou por mim. Sonhei com isso por muito, muito tempo, talvez até mais que o considerado normal, até a realidade me arrombar a porta e com isso o meu conto de fadas.
Descobri que o príncipe não monta um cavalo branco, pois este não existe, e só me sobraram os lobos disfarçados, prontos para explorar meu sorriso, boca, olhos, coração, corpo e alma se pudessem, tudo com a voz mais sedutora. Vi as cores do meu reino de faz de conta de desfazerem, mudarem e remontarem, para depois descobri-las escondidas em fumaças, ou papeis de gosto ácido, mesmo assim diferentes, ilusórias e passageiras, apenas até o raiar da manhã quando voltava a ser a gata borralheira de maquiagem manchada. Senti meu castelo ruir e tomar novas formas, talvez de uma choupana, não ruim, mas diferente, não era mais o que conhecia, o cheiro mudou. Pior de tudo, percebi nunca ter sido princesa, sequer princesinha, e sim a minha própria madrasta, com maçãs envenenadas para me seduzir, enquanto me aprisionava na torre mais alta do castelo, sozinha e assustada.