sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

I just wonder...

O vento gelado bagunçava seus cabelos e fazia com que se encolhesse dentro do casaco, por que estaria demorando tanto? Mudava as músicas no ipod sem nem ouvi-las direito, começava a ficar nervosa. Sentiu o coração acelerar quando viu o carro dobrando a esquina, tentaria conseguir controla-lo quando entrasse.
“Quer carona moça?” Ele abaixou os vidros e perguntou com um sorriso sonso.
“Atrasado e ainda fazendo piadinhas, muito bonito.” Falou em um tom sarcástico enquanto entrava no carro quente, ainda tentando controlar seu coração.
“Desculpa, foi o transito.” Deu um beijo na sua bochecha fazendo-a corar.
Adorava seu cheiro, familiar de tão estranho. Evitava olhar para seu rosto, sabia que não conseguiria esconder o sorriso se o fizesse por muito tempo. Conversavam banalidades, como sempre, enchiam o carro com risadas e palavras trocadas, podiam fazer isso por horas sem nem perceber. Começava a chover do lado de fora e ela desviou seu olhar para a janela, reparando não estar indo para onde deveria.
“Se perdeu é?” Perguntou desviando o olhar das gotas de chuva no vidro e olhando para seu rosto.
“Não.”
“Pra onde a gente está indo então?”
Ele abriu um pequeno sorriso e não respondeu nada, odiava quando fazia isso. Tentou ler seu rosto, descobrir o que estava pensando, mas acabou desistindo, nunca foi boa nisso.
“Você ainda não respondeu a minha pergunta.”
“É uma surpresa. Algum problema?”
“Contanto que não inclua um matagal, facas, ou qualquer outra coisa com potencial de tortura, tudo bem.”
“Quer parar de tirar a diversão?”
Deixou o assunto morrer, concentrava-se na paisagem exterior para tentar descobrir onde estaria indo, mas nada lhe vinha à cabeça.
“Eu não vou ter que fechar os olhos ou qualquer outro tipo de coisa clichê né?”
“Por favor?!” A olhou com um sorriso sincero, ainda não conseguia descobrir o que ele queria com aquilo tudo.
“Cada dia você fica mais estranho.”
Tentava distraí-la com perguntas, evitar que ela olhasse pela janela, sabia que sua curiosidade seria um problema, mas esperava conseguir contorna-la. Reparou que suas mãos nervosas não paravam se me mexer, ajeitando a saia ou o cabelo. Pos uma das suas embaixo de uma dela entrelaçando os dedos, não olhou para seu rosto mas sabia que ela estava olhando. Estava bonita hoje, mais que o normal, talvez a ocasião a tornasse assim para ele, quem sabe, mas amava o jeito que o cabelo caia em seu rosto irritando-a.
“Posso te pedir um favor?” Ele perguntou com uma voz calma, nunca tirando os olhos da estrada.
“Depende.”
“Sempre com condições. Tem uma venda dentro do porta-luvas. Põe ela?”
“E o que você pretende fazer comigo vendada?” A voz lhe saia um pouco mais assustada e defensiva do que esperava.
“Confia em mim.” Pela primeira vez em algum tempo olhou-a nos olhos, mas não por muito tempo.
Pegou a venda no porta-luvas e amarrou-a sem apertar muito, mas era o suficiente para que não visse nada.
“Está conseguindo ver alguma coisa?”
“Para de fazer caretas, idiota.”
“Amarra direito, por favor.”
“Quem disse que não está? Não estou vendo nada, você que é muito previsível.”
“Tem certeza?”
“Ta bom, não muito, mas o suficiente.”
Sentiu o carro estacionar, não fazia idéia da onde estaria, mas pelo barulho parecia ser algum lugar fechado. Ele saiu do carro e foi abrir sua porta, ela não se moveu um centímetro. Ajudou-a a levantar e fechou a porta do carro, ela ainda se perguntando o que estaria para acontecer.
“Confia em mim?” Falou no seu ouvido, sua respiração causando-lhe arrepios.
“Confio.”
Antes que terminasse a palavra ele já havia colocado-a no colo, era tão leve que parecia não estar carregando nada.
“Estou começando a gostar disso.”
Aninhou-se em seu corpo quente, sentia-se segura em seus braços mesmo sem fazer idéia do que acontecia a sua volta.

2 comentários: