quarta-feira, 29 de setembro de 2010


Depois de um tempo pairando no ar, girando em torno do quarto, as peças começam a cair no chão. Vão aos poucos, sem pressa ou muito barulho, e nós continuamos a observar. Sentamos ali, no assoalho de madeira, e juntos começamos a montar aquele quebra-cabeça. De inicio eu lá e você cá, os dois sem muito saber o que fazer, ou falar, apenas admirando carinhosamente enquanto tudo se encaixava. Nos aproximamos, trocamos o lugar; paramos, bebemos nossos copos d’água e pegamos o ar necessário, e depois voltamos, tudo ainda como havia sido deixado. Não houve um inicio propriamente dito, cada um começou e juntou o que quis, a sua própria maneira, e no meio do caminho sabíamos que nos encontraríamos.
Apenas um esbarrar de mãos foi necessário, estávamos há tanto tão absortos na tarefa de selecionar para juntar que nos esquecemos da presença um do outro; fingirmos estarmos sozinhos ali até a casualidade nos provar o contrário. Eu derrubei suas peças e você as minhas, misturou-se tudo, e como duas crianças confusas apenas nos olhamos, com um pouco de raiva talvez, mas sem muitas ações. Dali se seguiu uma palavra, e depois outra e outra até estas inundarem o quarto junto aos risos e ao novo quebra-cabeça, desta vez mais colorido. Misturamos tudo, presente, passado e futuro, criamos sinfonias e nunca paramos de montar, sem saber exatamente onde aquilo levaria, apenas aproveitando o percurso.

6 comentários:

R.L. disse...

Já lhe disse.
É legal ver o relfexo nas palavras de outro alguém, mesmo que sem querer.

Anônimo disse...

Não consigo pensar num comentário bom o suficiente. Belo texto, though.

Anônimo disse...

Quebra-cabeça sem uma imagem pronta e definida na capa da embalagem.
Juntar peças sem saber no que vai dar.


Paixãozinha desmontada e remontável pela imaginação.
Que bonitinha você.

Carla Leite disse...

Nossa,belissimo jogo de palavras.
Apesar de não ser um contexto muito concreto, consegui visualizar toda a ação! Perfeito. Parabéns.

Mia disse...

Com esse texto faz de nós o próprio jogo, moldando a cena em nossas cabeças com toda essa sintonia. Muito bom!

E obrigada pela visita :D

Luis Felipe de Abreu disse...

bah, que texto absurdamente lindo, tenho nem o que comentar.

belo blog, tu escreve muito bem, guria.